Sobre a última operação no Rio de Janeiro
Vamos analisar essa operação de forma fria, olhando apenas para os resultados, sem ideologia.
Há 40 anos, a estratégia eh a mesma: confronto, ocupação temporária e um saldo de mortos. A pergunta objetiva é: funcionou?
O Rio de Janeiro tá mais seguro hoje do que há 20 anos? O poder das facções diminuiu?
A resposta clara é não. Na verdade, elas estão mais ricas, mais bem armadas e controlam mais territórios do que nunca.
Isso não é uma opinião, é um fato. Então, se a estratégia falha repetidamente, por que insistimos nela?
O ponto central é que essa tática de "guerra" atinge apenas a base da pirâmide: o jovem varejista, que é facilmente substituível.
É como podar os galhos de uma erva daninha esperando que ela morra. Enquanto isso, a raiz do problema — o fluxo de dinheiro, a lavagem de capital e a entrada de armas pesadas — continua intocada e mais forte.
Isso não é sobre defender bandido.
É sobre ser mais inteligente e eficaz que ele. O verdadeiro golpe no crime não é com fuzil na favela, é com inteligência na conta bancária e nas fronteiras. É asfixiar a organização financeiramente.
E aqui chegamos à causa principal que alimenta tudo isso, a Guerra contra às Drogas.
É a proibição que torna a droga um produto de altíssimo lucro, financiando a compra de fuzis e a corrupção de agentes.
A "Guerra contra às Drogas" é o modelo de negócio do tráfico. Acabar com ela não significa "liberar geral", mas sim tirar o poder e o monopólio das mãos do criminoso e trazer para o controle do Estado.
É tratar o vício como saúde pública (o que é mais barato e eficaz) e cortar o oxigênio financeiro que sustenta essa guerra.
Continuar com a mesma estratégia de confronto é, na prática, escolher continuar perdendo e garantir que o tráfico permaneça poderoso e lucrativo.
A questão não é ser "de direita" ou "de esquerda", é ser a favor de uma estratégia que funcione ou de uma que comprovadamente falhou, e continua falhando.